Um novo tempo
Introdução
- Saudamos com
cordialidade e alegria ao Exmo e Revmo
Dom Orani João Tempesta O Cist., Arcebispo da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro; ao Revmo D. Emanuel d’Able do Amaral OSB,
Arquiabade da Arquiabadia de São Sebastião –
Salvador-BA e Abade-Presidente da Congregação Beneditina do Brasil; ao
Revmo D.João Evangelista Kovas OSB, novo Abade de Olinda; a Revda. Me. Martha
Lúcia Ribeiro Teixeira OSB, Abadessa do Mosteiro de Nossa da Paz – Itapecerica
da Serra-SP; a Revda Me. Escolástica Ottoni de Mattos OSB, Abadessa da Abadia
de Santa Maria-SP; a Revda Me. Josefa, Superiora das Beneditinas Missionárias
de Tutzing do Colégio Santo Amaro/Botafogo-RJ; aos Revdos Padres e aos irmãos
de hábito, agora filhos; aos oblatos, professores, funcionários, a todos os
presentes.
- Com este Rito de Tomada de Posse e Entronização, assumimos nesta manhã o ofício abacial, como o 87º Abade desta Abadia de Nossa Senhora do Monserrate do Rio de Janeiro, nosso Mosteiro de São Bento. Ofício para o qual recebemos nomeação e constituição por Decreto da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Decreto que acabamos de ouvir.
- Temos consciência das exigências do ofício abacial, não apenas pelo exercício dos últimos seis anos em Olinda, mas, também, a partir de tudo que recomenda NPS Bento em sua Regra para a figura do abade, em especial nos capítulos 2 e 64.
- Com este Rito de Tomada de Posse e Entronização, assumimos nesta manhã o ofício abacial, como o 87º Abade desta Abadia de Nossa Senhora do Monserrate do Rio de Janeiro, nosso Mosteiro de São Bento. Ofício para o qual recebemos nomeação e constituição por Decreto da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Decreto que acabamos de ouvir.
- Temos consciência das exigências do ofício abacial, não apenas pelo exercício dos últimos seis anos em Olinda, mas, também, a partir de tudo que recomenda NPS Bento em sua Regra para a figura do abade, em especial nos capítulos 2 e 64.
- Não é tarefa das mais fáceis ser pai, pastor, mestre e médico. É exigente servir aos temperamentos de muitos; não agir com demasia na correção;
não raspar demais a ferrugem para que não se quebre o vaso; não esmagar o
caniço já rachado e não deixar que os vícios cresçam (RB 64,11-13; 2,26). É
ainda necessário muito discernimento para equilibrar
tudo e assim fazer com que haja o que os fortes desejam e o que os fracos não
fujam (64,19).
- Como rezou a oração após o canto do Veni Creator, possa o Senhor Deus
derramar em nós sabedoria e graça,
para assim conduzirmos a comunidade no caminho
da verdade, pela doutrina e pelo exemplo de vida (Cf. Ritual de
Entronização e Posse).
1. Uma história – três capítulos
- Permitam-nos
recordar uma história. O primeiro
capítulo teve início numa manhã de dezembro de 1987, quando aqui chegávamos
das Alagoas. Fomos conduzidos do terminal rodoviário a esta Casa pelo
seminarista da Diocese de Palmeira dos Índios-AL, então estudante do Seminário
São José, o conterrâneo e amigo de infância, José Francisco Falcão de Barros,
hoje Bispo Auxiliar do Ordinário Militar do Brasil.
- Aqui ficamos 15 dias conhecendo o Mosteiro, depois voltamos para a despedida dos familiares e retornamos definitivamente em fevereiro de 1988. E aqui chegávamos com um único propósito: o de ser um bom monge!
- O caminho se fez: postulantado; noviciado; os primeiros votos; os estudos de filosofia; trabalhos no CSB; os votos definitivos; os estudos de teologia; o diaconato; o sacerdócio; trabalhos, retiros, portaria... Tudo vivido e exercido com simplicidade, silêncio, cooperação, discrição, fazendo amigos em Deus.
- E começava o segundo capítulo, Abade em Olinda. Lá não foi diferente. Foram seis anos praticamente sem descanso, de trabalho intenso e silencioso. Anos vividos com alegria e muitas graças, numa missão toda ela desenvolvida pela ajuda da Comunidade, a oração e a cooperação de muitas pessoas comprometidas.
- Procuramos cumprir com fidelidade a missão que o Senhor nos confiou. Deixamos sementes e sinais de um saneamento financeiro progressivo e transparente; de uma Comunidade mais pacificada e orante; de boas vocações; de um Colégio mais adaptado aos tempos. Deixamos o testemunho de uma vida simples, vivida a partir de Deus, com paciência e zelo bom para com tudo e para com todos.
- Agradecemos mais uma vez a ajuda da Comunidade, aqui representada pelo seu novo Abade, D. João Evangelista Kovas OSB, por D. Prior Luiz Pedro Soares OSB e por D. João Cassiano dos Santos Leite OSB, nosso primeiro professo solene.
- Fica também nossa melhor gratidão a Claudia Germana Camelo Farias, Supervisora do Colégio de São Bento de Olinda; a Ana Guedes de Araújo, Supervisora Econômica, e a Dra. Paula Varejão Martins, Advogada, as três aqui presentes – o trabalho sério e a ajuda fiel de vocês jamais serão esquecidos! Nossa gratidão ainda a Prof. Conceição Poroca, aos Oblatos Everaldo, Gláucia e Sílvia, todos presentes, e ao casal amigo Alessander e Ana Elizabete Guimarães, ele também presente.
- Aqui ficamos 15 dias conhecendo o Mosteiro, depois voltamos para a despedida dos familiares e retornamos definitivamente em fevereiro de 1988. E aqui chegávamos com um único propósito: o de ser um bom monge!
- O caminho se fez: postulantado; noviciado; os primeiros votos; os estudos de filosofia; trabalhos no CSB; os votos definitivos; os estudos de teologia; o diaconato; o sacerdócio; trabalhos, retiros, portaria... Tudo vivido e exercido com simplicidade, silêncio, cooperação, discrição, fazendo amigos em Deus.
- E começava o segundo capítulo, Abade em Olinda. Lá não foi diferente. Foram seis anos praticamente sem descanso, de trabalho intenso e silencioso. Anos vividos com alegria e muitas graças, numa missão toda ela desenvolvida pela ajuda da Comunidade, a oração e a cooperação de muitas pessoas comprometidas.
- Procuramos cumprir com fidelidade a missão que o Senhor nos confiou. Deixamos sementes e sinais de um saneamento financeiro progressivo e transparente; de uma Comunidade mais pacificada e orante; de boas vocações; de um Colégio mais adaptado aos tempos. Deixamos o testemunho de uma vida simples, vivida a partir de Deus, com paciência e zelo bom para com tudo e para com todos.
- Agradecemos mais uma vez a ajuda da Comunidade, aqui representada pelo seu novo Abade, D. João Evangelista Kovas OSB, por D. Prior Luiz Pedro Soares OSB e por D. João Cassiano dos Santos Leite OSB, nosso primeiro professo solene.
- Fica também nossa melhor gratidão a Claudia Germana Camelo Farias, Supervisora do Colégio de São Bento de Olinda; a Ana Guedes de Araújo, Supervisora Econômica, e a Dra. Paula Varejão Martins, Advogada, as três aqui presentes – o trabalho sério e a ajuda fiel de vocês jamais serão esquecidos! Nossa gratidão ainda a Prof. Conceição Poroca, aos Oblatos Everaldo, Gláucia e Sílvia, todos presentes, e ao casal amigo Alessander e Ana Elizabete Guimarães, ele também presente.
2. Um novo capítulo
- E novamente numa
manhã de dezembro, quis a Providência Divina, iniciar mais um capítulo desta
história – o terceiro! Voltamos a
esta Casa conscientes de que o Senhor pede-nos uma missão que só Ele sabe –
Deus sabe o que a gente não sabe!
- Esta Casa de
Deus, quatro vezes centenária, tem uma história luminosa que não pode se
apagar! Aqui sempre tivemos homens
de letras e de cultura, bem formados e cultos, também homens de piedade, de
vida simples e de trabalho fiel. A lista seria grande, mas como esquecer os
Abades D. Tomás Keller, D. Martinho Michler, D. Inácio Barbosa Accioly, D.Basílio
Pedido, D. José Palmeiro Mendes; ainda D. Clemente Isnard, D.Alcuino Meyer; os
alemães D. Wilibrordo Biedermann, D. Miguel Wesser, D. Policarpo Messmer;
também D. Lourenço de Almeida Prado, D. João Evangelista de Oliveira Ribeiro
Enout, D.Alberto Gonçalves Ferreira, D. Mateus Ramalho Rocha, D.Estêvao Tavares
Bettencourt, Ir. Vital Farjado (era edificante vê-lo todas as noites lavando a
louça após as Completas para aliviar o trabalho matinal dos funcionários).
- Contudo – é bom
compreender esta nossa afirmação – algumas iniciativas, embora nobres e que
fizeram muito bem à Igreja e ao Mosteiro, foram projetos pessoais, que em
determinados períodos muito fragilizaram a vida comunitária desta Abadia.
3. Um novo tempo
- Chegou a hora de
um novo tempo. Diz o Documento de Aparecida que o mundo atual passa por uma
mudança de época na qual se dissolve a
concepção integral do ser humano, sua relação com Deus e com o mundo (44). De fato, na pós-modernidade,
tudo é liquido e se dissolve com rapidez: trabalhos líquidos, relações
líquidas, vocações líquidas, economia líquida, mundo líquido (Zygmunt Bauman).
- Não nos
enganemos, esta liquidez atinge também a fé. Se não vigiarmos, esta liquidez
viverá e reinará pelos séculos dos séculos também em nossas casas religiosas –
se é que já não esteja pontificando!
- Os tempos são
outros! Chegou a hora de iniciarmos uma vida comunitária diferente, baseada
mais na piedade, numa vida simples, na caridade fraterna, no perdão. E isto não
depende apenas do Abade, mas de todos, todos juntos!
- Não tenhamos
medo nem vergonha de rezarmos mais, inclusive o Terço! É preciso cada vez mais
se comprometer com a oração e a vontade de Deus. Sim, quando rezamos e estamos
comprometidos com a vontade de Deus, não com a nossa, é possível vida nova
aparecer, nova esperança surgir, uma vocação se renovar!
4.
Quatro convicções
- Os dois
capítulos da nossa história simples vivida nos últimos tempos, deixam-nos pelo
menos quatro convicções para o início do terceiro
capítulo: 1ª) Temos que viver a
partir de Deus, de Jesus Cristo e da Regra de NPS Bento. A Rega de nosso pai já
está mais do que provada e aprovada pelos tempos, e tem sempre muito a nos
dizer. 2ª) A vida cristã, sobretudo
consagrada, só tem sentido se for sobrenatural. Ou vemos tudo no mosteiro como vaso sagrado do altar (RB 31,10), ou estamos
perdendo tempo, enganando a Deus e a nós mesmos. 3ª) É preciso tomar consciência do chamado! O que motivou a
deixarmos tudo? Procuremos a Deus e o adoremos unicamente em atenção a Ele, e
não por necessidades emocionais, desencontros existências ou falta de opções.
Procuremos a Deus por Ele! Só Deus basta! Deus é e deve ser tudo numa alma,
sobretudo numa alma consagrada. 4ª)
Não podemos viver diante de Deus como se Ele não existisse, não podemos viver
diante de Deus como se vivêssemos diante do nada! Há em cada pessoa – desculpe
nossa petulância, senhor arcebispo, mas há também no senhor, em nós monges e em
você que está aqui – há em cada pessoa um vazio do tamanho de Deus. Nada nesta
vida é capaz de preencher este vazio. Neste vazio, só cabe Deus mesmo!
5. Uma sugestão
- Com paciência e
oração, ouviremos a todos para conhecermos o estado de cada um. Como viveu até aqui, como vive atualmente e
como pretende viver e colaborar com a Comunidade e o Abade. Não faltará da nossa parte disposição para orientar,
incentivar, consolar e, se for o caso, corrigir.
- Deixamos a
sugestão de que cada um faça uma profunda revisão de vida neste Advento que
hoje começa. Rezem um pouco mais e se interroguem no íntimo do coração. O que
tenho feito e construído no Mosteiro e em prol do Mosteiro? Como tenho cuidado
da minha vocação? Como andam as minhas opções? Qual é a minha verdade? Qual é o
meu mistério? Por que e para que quis consagrar a minha vida e viver neste
mosteiro sob o olhar de Deus? Partilhem as respostas com o Abade!
6.
O novo abade e a casa de Deus
- Todos sabem do
nosso apreço pelo mosteiro como Casa de
Deus, conforme lembra NPS Bento (RB 31,19; 53,22; 64,5). Ora, se fomos chamados a viver na Casa de Deus,
temos a obrigação de sermos homens de Deus, e se ainda não o somos, pelo menos
procuremos ser. Pois, quando Deus percebe que uma alma o procura
verdadeiramente, Ele cumula esta alma das graças de que necessita para
encontrá-lo!
- Se o cristão tem
uma vocação singular, ou seja, a de ser filho amado por Deus Pai, nós monges,
temos uma vocação sublime: a de anteciparmos na terra o que faremos para sempre
na eternidade. Que dignidade nossa, a de sermos comparados aos anjos, pois
integrantes do coro que na terra louva o Senhor sem cessar!
- Vamos juntos
construir um novo tempo! Apresentei-me em Olinda, convém que também hoje, aqui
e agora, reapresente-me. Confiem no abade. Sou uma pessoa simples, silenciosa e paciente, gosto das coisas ordenadas e
transparentes, possuo grande amor ao ideal de NPS Bento. Conheço minhas
fragilidades – aliás, NPS Bento lembra ao abade que suspeite sempre de sua
fragilidade, RB 64,13 – mas procuro conviver bem com elas para que não
venham prejudicar a ninguém.
- Procurarei
servir a esta Casa com simplicidade e alegria espiritual! Estou de volta apenas
para cumprir uma missão e servir! Conto
com a oração de todos para que seja bom, caridoso, honesto; e que dê exemplo de
fé e de amor a Jesus Cristo e à sua Igreja. Rezem para que não me omita e tenha
coragem de tomar as decisões que devam ser tomadas, para que saiba unir e conciliar
os temperamentos de todos.
7. Agradecimentos
- Agradecemos a
presença do Exmo e Revmo Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de
Janeiro. Conte sempre, senhor arcebispo, com a oração desta Casa, com nossa fidelidade à Igreja e ao Santo
Padre.
- Ainda um
agradecimento aos Abades e Abadessas, Superiores, sacerdotes e aos religiosos
em geral. De modo especial as Irmãs Beneditinas Missionárias de Tutzing do
Colégio Santo Amaro, em Botafogo, elas que nos receberam de ontem para hoje com
a conhecida acolhida beneditina. Tirando a noite mal dormida de ontem, o resto
foi tudo muito bom... Não esqueceremos a mensagem e o carinho da Comunidade no
café desta manhã!
- Um muito
obrigado a todos os amigos presentes. Ainda um muito obrigado a Comunidade pelo
empenho na preparação desta posse e de tudo que virá a seguir!
- Acolhamos esta desafiante verdade, sobretudo
para nós monges e religiosos: Uma
Comunidade religiosa deve ser mais do que um lugar onde fazemos nossas
refeições, recitamos algumas orações e voltamos todas as noites para dormir – poderemos
viver assim em qualquer lugar! Uma
Comunidade religiosa deve ser um lugar de ressurreição, onde nos ajudamos a nos
fazer novos (Timothy Radcliffe). ‘
- Sim, uma Comunidade religiosa deve ser um
lugar de vida interior, pois é no exercício da interioridade que nossa alma
encontrará os meios necessários para a contemplação de Deus e dos mistérios da
nossa fé.
- Fiquemos, por
fim, com o poema Se deixares que Deus te
guie de Georg Neumark, um poeta alemão.
Ele pergunta:
De que nos servem os anseios, as incessantes
lamúrias e as frequentes inquietações?
De que nos serve lamentarmos a cada manhã a nossa
desventura?
Ele responde
aconselhando:
Cante, reze e não te desvies de teus caminhos.
Cumprindo fielmente a tua tarefa,
confie nas bênçãos dos céus, que assim se
realizarão.
Deus ouve as súplicas das almas que verdadeiramente
nele confiam.
- Neste novo tempo
possamos todos cantar mais os louvores
do Senhor, rezar mais, lamentar menos, e não nos desviarmos dos caminhos que o Senhor nos apontar, mesmo que
sejam caminhos desafiantes e exigentes!
- Talvez,
para alguns, nossa fala seja um romantismo religioso ou uma utopia monástica.
Mas, falamos sem falsa modéstia: acreditamos muito e temos muita convicção
pessoal e interior nesta última verdade e em tudo o que dissemos.
- Concluamos
pedindo a Nossa Senhora do Monserrate
que interceda e guarde este Mosteiro que lhe é dedicado. Interceda, sobretudo,
para que esta colina quatro vezes centenária continue sendo uma Casa de oração,
de espiritualidade, de cultura e de um acolhimento cheio de humanidade! Que
tenhamos bons tempos por muitos anos!
- Louvado seja
nosso Senhor Jesus Cristo!
D. Filipe – 01/12/2012
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Perfeito! Muitíssimo obrigada! Daqui a pouco vamos celebrar com a imagem peregrina de São Sebastião.
ResponderExcluirDom Filipe
ResponderExcluirEstá havendo algum problema na digitação pois está vindo junto o tipo de letra: §
Luís Fernando,
ResponderExcluirAgradecemos seu comunicado e informamos que não houve problema na digitação, provavelmente é a configuração do seu navegador, mas já atualizamos a publicação para melhor atender. Qualquer problema, por favor, entre em contato.
Louvado seja nosso Senhor!
Obrigada,
Lugar de Encontro
Benedicite!
ResponderExcluirObrigado Dom Abade Filipe por atender à pedidos e postar aqui no Lugar de Encontro a alocução realizada na posse do sr. Aproveito para agradecer a iniciativa de colocar no ar esse site, que proporciona a nós fiéis, um verdadeiro Lugar de Encontro com Deus.
Para sempre seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!