HOMILIA PARA O II DOMINGO DO TEMPO COMUM – C
Solenidade
de São Sebastião, Mártir – Padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro.
2Mc 7,1-2.9-14; 1Pd 3,14-17; Lc 9,23-26
Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará!
Introdução
- Caros irmãos e fiéis! Passadas e vividas as
alegrias do Tempo do Natal, iniciamos as primeiras semanas do Tempo Comum –
período da Liturgia distribuído em 34 semanas e dividido em duas etapas: a primeira, que começa após a Festa do Batismo de
Jesus e vai até a 3ª feira antes das Cinzas (justamente a etapa que estamos
vivendo); e a segunda, que é
reiniciada após a celebração dos Tempos Quaresmal e Pascal,
estendendo-se até a Solenidade de NSJC Rei do Universo.
- Neste Ano C, sobretudo nos domingos do Tempo
Comum, a Liturgia utiliza o Evangelho de São Lucas para apresentar-nos a
mensagem de Jesus – São Lucas, o evangelista que mais fala da Virgem Maria, o
evangelista da oração!
1. Solenidade de São
Sebastião - Mártir
- Contudo, a liturgia de hoje – II Domingo do
Tempo Comum – cede lugar à Solenidade do Mártir São Sebastião, Padroeiro da
Cidade do Rio de Janeiro.
- Que foi São Sebastião? Nunca é demais recordar
traços de sua figura. Existem controvérsias sobre o local do seu nascimento.
Segundo alguns, foi em Milão, cidade de sua mãe; segundo outros, em Narbona, em
França, terra natal de seu pai.
- De
família cristã, foi batizado logo cedo. Ainda jovem decidiu ingressar nas
fileiras romanas, mas nunca deixou de ser um soldado de Cristo. Além de grande
caridade para com os irmãos na fé, também revelou o Deus verdadeiro a vários
soldados e prisioneiros, conseguindo deste modo converter a muitos pagãos ao
Cristianismo.
- Denunciado
por tais práticas, pois inadequadas ao seu dever de oficial da lei, teve que
comparecer ante o Imperador. Como não negou sua fé, foi condenado sem direito à
apelação, amarrado a um tronco e varado por flechas, na presença da guarda
pretoriana. No entanto, uma viúva chamada Irene retirou as flechas do peito de
Sebastião e o tratou. Assim que se recuperou, se apresentou novamente diante do
Imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos,
acusando-o de inimigo do Estado. Perplexo com tamanha ousadia, Diocleciano
ordenou que o açoitassem até a morte. O fato ocorreu no dia 20/01,
provavelmente no ano 288.
- Deu
seu nome à Cidade do Rio de Janeiro e ficou como seu Padroeiro desde o ano de
sua fundação por Estácio de Sá, em 01/03/1565. Diz uma lenda que em 1711, na
batalha final da expulsão dos franceses que ocupavam o Rio, São Sebastião foi
visto de espada na mão lutando contra os franceses calvinistas – o dia desta batalha
teria coincidido com o dia do Santo, justamente 20 de janeiro.
2. A Liturgia da Palavra
- As leituras que acabamos de ouvir ilustram a
realidade do martírio, e assim também o testemunho de São Sebastião. A 1ª leitura, tirada do 2Mc, mostra o
testemunho de sete irmãos, mortos um a um em presença da mãe. Eles morreram por
não terem comido carne de porco, fato que significaria não observar as
tradições da fé e o consequente abandono da religião. Vê-se que o testemunho
dado pelo jovem Sebastião diante de Diocleciano, se assemelhou ao dos sete
irmãos diante do rei.
- No Evangelho
de São Lucas, Jesus veio nos recordar que segui-lo supõe uma renúncia pronta e
exigente, além de abraçar a cruz (dificuldades), perder mesmo a vida por causa
e por amor a Ele. Sim, os mártires são os que mais imitiram e imitam a Jesus
Cristo, que do alto da cruz derramou seu sangue para redimir os homens.
3. Reflexão
- Caros irmãos e fiéis é sempre oportuno
atualizar o mistério celebrado na nossa vida.
- Será que realmente Jesus é o centro da nossa
existência, a ponto de testemunhá-lo no caminhar de cada dia? São Pedro, na segunda leitura, tirada de sua primeira
carta, deixou o convite a santificar-nos em nossos corações o Senhor Jesus e
a dar-nos razão da nossa esperança, da nossa fé! Como anda nosso
testemunho?
4. Mensagem
- Meus irmãos e fiéis - cristão vem de Cristo! Ser cristão implica abraçar uma nova
maneira de ser, de pensar, de viver, de existir independente das condições
favoráveis. É fácil seguir Jesus, testemunhar seu amor em nós ou levar adiante
nossa vocação quando as condições são ideais.
- Mas, nunca esqueçamos de que qualquer
ideal, qualquer vocação, pede renúncias e sacrifícios, sem os quais a
perseverança fiel ficará sempre comprometida. Mesmo depois de muitos anos uma pessoa poderá viver no
convento, no matrimônio ou numa nova missão sem nunca ter deixado seu antigo
lar, sem nunca ter se desvencilhado da influência de pai e mãe, de algo ou
alguém que ficou para trás.
- No nosso tempo existem muitas pessoas divididas,
emocionalmente fragmentadas, e que nunca entraram em comunhão com sua opção
religiosa, seu matrimônio, sua vocação. Muitos nunca fizeram as pazes com sua
história, nunca se reconciliaram com seus erros, fracassos ou desventuras. Nunca,
de fato, procuraram conhecer a Jesus, quanto mais testemunhá-lo, sobretudo
diante das dificuldades do dia a dia!
- São Sebastião vem hoje nos mostrar justamente o
contrário. Peçamos sua intercessão – já que não fomos chamados a derramar nosso
sangue – para, pelo menos, testemunharmos o grande amor de Deus em nossa vida. Sim,
cada pessoa é fruto de um amor único e singular de Deus. Volte para casa, você
que está aqui hoje, com esta simples e profunda verdade: Deus o ama muito, e o amará sempre!
- O nosso tempo tem necessidade homens tocados por
Deus, como São Sebastião, de religiosos e leigos bondosos, acolhedores,
servidores. O Papa Pio XII deixou-nos esta profecia: o grande escândalo do nosso tempo é que os bons estão cansados, e os maus
trabalhando muito. Meus irmãos e fies, trabalhemos rezando mais!
- Guardemos a consciência, a partir do exemplo de
São Sebastião, de que quem quiser chegar até o fim, quem quiser testemunhar uma
vida em Deus, há de renunciar a algo ou a alguém, e cultivar uma arte tão
necessária à vida de cada dia: a arte de
durar, permanecer e perseverar, de ser fiel e chegar até o fim, abraçando com
serenidade alegrias e preocupações, segurando na mão de Deus para seguir be
- Foi assim com os sete irmãos da primeira leitura,
foi assim com Jesus, foi assim com São Sebastião e vários santos – não pode ser
diferente conosco!
Conclusão
- Fiquemos com NPS Bento. Ele diz em sua Regra que
o monge deve abnegar-se a si mesmo para seguir o Cristo (RB 4,10) – foi o que fez São Sebastião!
- Deixemos que Jesus cresça mais e mais em nós –
como disse João Batista, é preciso que
Ele cresça e eu diminua (Jo 3,20) – deixemo-nos conduzir por seu evangelho
e sua graça. Quem sabe um dia cada um dará seu testemunho com São Paulo: Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive
em mim (Gl 2,20).
- Interceda
São Sebastião por nossa Cidade do Rio de Janeiro, pelo Ano da Fé, pela Jornada
Mundial da Juventude, por você que veio participar da Santa Missa de hoje!
- Louvado
seja nosso Senhor Jesus Cristo!
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